O Movimento NeoArmorial, criado pelo artista pernambucano Tal, da Zona
da Mata, representa uma fusão intrigante entre referências modernistas e elementos da
cultura armorial. Este movimento artístico visa essencialmente reduzir a distância entre
a arte popular e o mercado formal da arte contemporânea, utilizando como principal
meio de expressão a linguagem das tatuagens.

Originado a partir de uma pesquisa de design realizada durante sua formação acadêmica
em 2020, Tal explora uma estética única que incorpora símbolos e motivos tradicionais
do movimento armorial com uma abordagem moderna e acessível. O armorialismo,
movimento cultural surgido em Pernambuco na década de 1970 sob a liderança de
Ariano Suassuna, enfatiza a valorização das raízes culturais nordestinas, especialmente
através da música, literatura e artes visuais.

No entanto, o NeoArmorial de Tal transcende a mera celebração do regionalismo. Ao
mesclar essas referências com elementos e signos da cultura LGBTQIA+, o artista não
apenas preserva a essência do armorialismo, mas também a adapta ao contexto
contemporâneo, tornando-a mais acessível e relevante para as novas gerações. A
escolha das tatuagens como meio de expressão é particularmente significativa, pois
permite que sua arte não apenas seja portátil e pessoal, mas também integre-se
organicamente ao cotidiano das pessoas, expandindo assim seu impacto cultural.

Ao incorporar o NeoArmorial em seu trabalho, Tal não apenas perpetua a rica tradição
cultural nordestina, mas também desafia as fronteiras entre o popular e o erudito, entre o
local e o global. Sua abordagem visionária oferece uma nova perspectiva sobre como a
arte pode ser acessível e inclusiva, sem comprometer a profundidade e a complexidade de suas raízes históricas e culturais.

Assim, o Movimento NeoArmorial não só representa uma evolução natural do
armorialismo, mas também uma resposta criativa e inovadora aos desafios
contemporâneos da arte e da identidade cultural